Fronteiras, ambientes e paisagens na formação do espaço colonial do Brasil e na construção do território nacional alemão (séc. XVIII e XIX)
Palavras-chave:
Fronteira, Paisagem, Espaço colonial Brasileiro, Território nacional Alemão, narrativasResumo
Durante a segunda metade do século XVIII a ideia de “fronteira natural” ocupava um lugar importante no pensamento social, ajudando a tecer importantes considerações no avanço sistemático sobre o mundo colonial e na formação e legitimação dos territórios coloniais. Esforço que causa estranhamentos entre sujeitos e paisagens sempre novas ou insubmissas. No século XIX, na Europa, o pensamento romântico toma o conceito de fronteira como bordas e limites entre territórios e constrói mitologias de identidades radicais entre ambientes, paisagens e sujeitos na transformação dos estados modernos em estados nacionais, comunidades imaginadas, ancoradas numa tradição que se quer longínqua. Neste trabalho buscamos traçar algumas notas de pesquisa comparando os processos históricos da formação do espaço colonial do Brasil e na construção do território nacional alemão. Pensando os conceitos de fronteira, território e paisagem, intentamos perceber qual o papel que a “fronteira” ocupa nesses processos, como os narradores elencam o mundo natural em suas narrativas e finalmente de que maneira as narrativas construídas em torno de tais conceitos geram efeitos nas relações entre os sujeitos e os territórios. Consideramos igualmente perceber o esforço de fechamento das fronteiras no mundo colonial e no âmbito nacional como faces de um mesmo processo histórico na modernidade que possui suas reverberações na construção do sentimento nacional por um lado e, por outro lado, no vínculo ambíguo de estranhamento e alteridade da relação com a paisagem e com o mundo natural no mundo colonial.
Referências
André Ferrand de Almeida, A formação do Espaço Brasileiro e o projecto do Novo Atlas da América portuguesa (1743-1748) (Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos descobrimentos portugueses, 2001).
Anne Cauquelin; Marcos Marcionilo, (A invenção da paisagem. Martins, 2007).
Antonio Carlos Robert de Moraes, Território e História no Brasil. 3ª edição (São Paulo: Annablume, 2008).
Arthur Lima de Ávila, Da História da Fronteira à História do Oeste: Fragmentação e crise na Western History norte americana no século XX. In Sandro Dutra e Silva; Dominich Miranda de Sá; Magali Romero de Sá(orgs.). Vastos Sertões: História e Natureza na Ciência e na Literatura (Rio de Janeiro: Mauad X, 2015).
Benedict Anderson, Comunidades Imaginadas: Reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo. Trad. Denise Bottmann (São Paulo: Companhia das Letras, 2008).
Fernand Braudel, “Geo-História: a sociedade, o espaço e o tempo”. História, Ciências, Saúde - Manguinhos. v. 22, n. 2, (abr.-jun. 2015).
David Blackbourn, History of Germany 1780-1918 the long nineteenth century:(London: Wiley-Blackwell 2002).
Dias Junior and Antônio Herembergue, Ironia e paródia em o Rabi de Bacherach, de Heinrich Heine (Phd. diss., Universidade de São Paulo, 2009).
E.P. Thompson, Senhores e Caçadores: A Origem da Lei Negra. Trad. Denise Bottman (Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987).
Evaldo Cabral de Mello, Um Imenso Portugal: História e historiografia (Rio de Janeiro: Editora 34, 2002).
Felix Guattari;S. Rolnik, Micropolítica. Cartografias do Desejo. (Vozes, 1986).
Flora Sussekind, O Brasil não é longe daqui: o narrador, a viagem (São Paulo: Companhia das Letras, 1990).
Frederick Jackson Turner, The Frontier in American History, 1ª edição 1920(New York: Henry Holt and Company editors, 1953). (1ª edição 1920).
Gilles Deleuze and Félix Guattari, Mil platôs:Vol. 3 34 vols. (São Paulo: Editora, 1997).
Heinrich Heine, [Die Harzreise] Viagem ao Harz: da obra Reisebilder. Tradução: Maurício Mendonça Cardoso (São Paulo: Editora 34, 2013).
Íris Kantor, “Usos diplomáticos da Ilha-Brasil: polêmicas cartográficas e historiográficas”, Varia História 23, 37 (jan/ jun, 2007): 70-80.
John Brian Harley, The New Nature of Maps: Essays in the History of Cartography. (Maryland: John Hopkins University Press, 2001)
Joseph Leo Koerner, Caspar David Friedrich and the subject of landscape (Reaktion books, 2009).
Júnia Ferreira Furtado, Oráculos da Geografia Iluminista: Dom Luís da Cunha e Jean Baptiste Bourguignon D’Anville na construção da cartografia do Brasil (Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012).
Paul E. Little, “Territórios sociais e povos tradicionais no Brasil: Por uma antropologia da territorialidade”. Anuário antropológico /2002-2003. Rio de Janeiro: (Tempo Brasileiro, 2004), 251-290.
Lynn Hunt, A invenção dos direitos humanos: uma história (Editora Companhia das Letras, 2009).
Maria Tsaneva, Caspar David Friedrich: 111 Paintings and Drawings (Ed. Lulu.com, 2014).
Martin Kitchen, A History of Modern Germany 1800-2000. (Australia, Wiley-Blackwell, 2006).
Milton Santos, Metamorfoses do espaço habitado: fundamentos teóricos e metodológicos da Geografia (São Paulo: Hucitec, 1996).
Michel de Certeau, A invenção do Cotidiano. Artes de Fazer. 19ª edição. (Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 2012, pp. 186-187.
Neil Safier, Measuring the New World: Enlightenment Science and South America. (Chicago: The University of Chicago Press, 2008).
Paul Ricoeur, Tempo e Narrativa, Tomo I, Tradução Constança Marcondes César, (Campinas: Papirus, 1994)
Peter Linebaugh and Marcus Redicker, A hidra de muitas cabeças: marinheiros, escravos, plebeus e a história oculta do Atlântico revolucionário (São Paulo: Companhia das Letras, 2008).
Peter Burke, A escrita da história (São Paulo: Unesp, 1992).
Richard White and Patricia Nelson Limerick, The Frontier in American Culture: an exhibition at the Newberry Library, August 26, 1994 – January 7, 1995(Edited by James Grossman. University California Press, 1994).
Rüdiger Safranski, Romantismo: uma questão alemã. Tradução: Rita Rios (São Paulo: Estação Liberdade, 2010).
Sandro Dutra e Silva, Dominich Miranda de Sá and Magali Romero de Sá(orgs.). Vastos Sertões: História e Natureza na Ciência e na Literatura (Rio de Janeiro: Mauad X, 2015)
Simon Schama, Paisagem e memória (São Paulo: Companhia das Letras, 1996).
Tamar Herzog, Frontiers of Possession: Spain and Portugal in Europe and the Americas (Cambridge/ London: Harvard University Press, 2015).
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Esta revista oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona maior democratização mundial do conhecimento.
A partir da publicação realizada na revista os autores possuem copyright e direitos de publicação de seus artigos sem restrições.
A Revista HALAC segue os preceitos legais da licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.