Geografia Histórica do Caminho do Ouro na Serra da Estrela (RJ), Sudeste do Brasil: barreira, fronteira e permeabilidade.

Autores

  • Vicente Leal E. Fernandez Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
  • Gabriel Paes da Silva Sales Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
  • Ana Brasil Machado Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
  • Alexandro Solórzano Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.32991/2237-2717.2021v11i1.p51-81

Palavras-chave:

Transformação da Paisagem, Paleoterritórios, Interações sociedade e natureza, Mata Atlântica

Resumo

A Serra da Estrela (RJ) é resultado da histórica relação entre cultura e natureza, atestando as grandes transformações ocorridas a partir da abertura do Caminho do Ouro. Objetivou-se compreender como a exploração de minerais preciosos no interior do Brasil, que se conectou com o litoral através de caminhos de escoamento com a transposição de barreiras físicas, levou à transformação da paisagem. Assim, investigamos as marcas da história da paisagem do Caminho do Ouro, na Serra da Estrela, um trecho específico com uma rica Geografia Histórica. Para isso, realizamos um levantamento bibliográfico a partir da investigação de estudos referentes à área junto com investidas de campos exploratórios a fim de inventariar os vestígios humanos impressos na paisagem (tais como carvoarias e ruínas). Ficou evidente que o ganho de importância da Serra da Estrela está diretamente relacionado com a tentativa de melhoramento no escoamento do ouro. Essa tentativa, por sua vez, tornou-se necessária a partir das dificuldades impostas pela fronteira física da Serra do Mar. Com isso, a Serra da Estrela passou a ser uma das localidades mais importantes do século XVIII, sendo palco de um dos mais valiosos capítulos da história do Brasil. É inegável que a abertura do Caminho do Proença influenciou diretamente na configuração socioespacial da Serra da Estrela, assim como da cidade do Rio de Janeiro e Petrópolis, sendo um marco histórico para o período de grandes transformações que se sucederam. Como marcas dessa história observamos as ruínas das casas da Fazenda Mandioca do Barão de Langsdorff, assim como as dez carvoarias encontradas que evidenciam o uso da floresta como fonte energética em algum momento da história. Dessa forma, a Serra da Estrela reflete os diferentes aspectos econômicos, sociais e culturais que se deram a partir da abertura do Caminho do Ouro até o presente.

Referências

AUF Der Serra Della Estrela [Na Serra Da Estrela]. In: ENCICLOPÉDIA, Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra59969/auf-der-serra-della-estrella>. Acesso em: 25 de Mar. 2021. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7.
Baker, Alan R. H. Geography and History: Bridging the Divide. Edited by Alan R. H. Baker. Geography and History: Bridging the Divide. Cambridge: Cambridge University Press, 2003. https://doi.org/10.1017/cbo9780511615818.004.
Balée, William. “The Research Program of Historical Ecology.” Annual Review of Anthropology 35 (2006): 75–98. https://doi.org/10.1146/annurev.anthro.35.081705.123231.
Caldeira, Jorge. Mauá: Empresário Do Império. 11th ed. São Paulo: Editora Schwarcz, 1995.
Carneiro, Patrício Aureliano Silva. “Questões Teóricas e Metodológicas Da Geografia Histórica.” Terra Brasilis, no. 10 (2018). https://doi.org/10.4000/terrabrasilis.3166.
Corrêa, Magalhães. O Sertão Carioca. 167th ed. Rio de Janeiro: Revista do Instituto Historico e Geographico Brasileiro, 1936.
Cronon, William. “The Trouble with Wilderness; or, Getting Back to the Wrong Nature.” In Uncommon Ground: Rethinking the Human Place in Nature, edited by William Cronon, 1st ed., 69–90. New York: W. W. Norton & Company, 1996. https://doi.org/10.1353/rah.2006.0032.
Crumley, Carole L. “Historical Ecology: A Multidimensional Ecological Orientation.” In Historical Ecology: Cultural Knowledge and Changing Landscapes, edited by Carole L Crumley, 1–16. Santa Fe, New Mexico: School of American Research Press, 1994.
Erthal, Rui. “Geografia Histórica - Consideraçoes.” GEOgraphia 5, no. 9 (2003): 29–39. https://doi.org/https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2003.v5i9.a13442.
Ferrari, Maristela. “As Noções de Fronteira Em Geografia.” Revista Perspectiva Geográfica 9, no. 10 (2014). http://saber.unioeste.br/index.php/pgeografica/article/viewFile/10161/7550.
Gaspar, Claudia Braga, Begonha Bediaga, Dalila Tiago N. F. de Mendonça, Carlos Alberto B. Zenicola, José Maria Assumpção, Ana Rosa de Oliveira, Marcus Nadruz Coelho, and Claudio Nicoletti de Fraga. Solar Da Imperatriz. Edited by Alda Heizer. Rio de Janeiro: Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2011.
Gerson, Brasil. O Ouro, o Café e o Rio. Rio de Janeiro: Livraria Brasileira Editôra, 1970.
Governo do Rio de Janeiro. Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro (2018).
ICMBio, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade -. “Estudo de Viabilidade - UC Serra Da Estrela.” Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio, 2015.
INEPAC, Instituto Estadual do Patrimônio Cultural -. “Inventário de Identificação de Bens Imóveis.” Rio de Janeiro, 2003.
IPCCA, Instituto de Promoção da Cidadania Cultural e Ambiental de Magé. “Mirindiba: Magé e Suas Histórias,” 2018. http://mirindiba-ipcca.blogspot.com.br/.
Lamego, Alberto Ribeiro. O Homem e a Serra. 2nd ed. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 1963.
Machado, Ana Brasil. “Os Ecolimites Como Dispositivos Para a a Gestão Das Descontinuidades Internas Da Cidade Do Rio de Janeiro.” Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2013. https://doi.org/10.11113/jt.v56.60.
Martius, Carl Friedrich Philipp von. A Viagem de von Martius: Flora Brasiliensis - Vol. 1. Edited by Cristina Ferrão and João Paulo Monteiro Soares. Rio de Janeiro: Editora Index, 1996.
Oliveira, Rogério Ribeiro de. As Marcas Do Homem Na Floresta: História Ambiental de Um Trecho Urbano de Mata Atlântica. Edited by Rogério Ribeiro de Oliveira. Journal of Visual Languages & Computing. Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio, 2010.
Oliveira, Rogério Ribeiro de. “Mata Atlântica, Paleoterritórios e História Ambiental.” Ambiente e Sociedade 10, no. 2 (2007): 11–23. https://doi.org/https://doi.org/10.1590/S1414-753X2007000200002.
Oliveira, Rogério Ribeiro de, and Joana Stingel Fraga. “Integrando Processos Sociais e Ecológicos: O Metabolismo Social de Três Sistemas Produtivos Históricos Do Estado Do Rio de Janeiro.” In Anais Do XXVI Simpósio Nacional de História - ANPUH, 1–17. São Paulo: Associação Nacional de História, 2011.
Oliveira, Rogério Ribeiro de, and Alexandro Solórzano. “Três Hipóteses Ligadas à Dimensão Humana Da Biodiversidade Da Mata Atlântica.” Fronteiras: Journal of Social, Technological and Environmental Science 3, no. 2 (2014): 80–95. https://doi.org/10.21664/2238-8869.2014v3i2.p80-95.
Olson, S. Douglas. “Firewood and Charcoal in Classical Athens.” Hesperia 60, no. 3 (1991): 411–20. https://www.ascsa.edu.gr/uploads/media/hesperia/148074.pdf.
Peres, Guilherme. Tropeiros e Viajantes Na Baixada Fluminense. Rio de Janeiro: Shaovan Gráfica, 2000.
RANCHO Auf Dem Wege Nach Mandioca [Rancho No Caminho Da Fazenda Da Mandioca]. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra60909/rancho-auf-dem-wege-nach-mandioca-rancho-no-caminho-da-fazenda-da-mandioca>. Acesso em: 25 de Mar. 2021. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
Reitel, Bernard. “Frontière.” Hypergeo, 2004. http://www.hypergeo.eu/spip.php?article16.
Rodriguez, Helio Suêvo. A Formação Das Estradas de Ferro No Rio de Janeiro: O Resgate Da Sua Memória. Rio de Janeiro: Open Plus Gráfica e Editora, 2004.
Rugendas, Johann Moritz. Viagem Pitoresca Através Do Brasil. Edited by Rubens Borba de Moraes. 2nd ed. São Paulo: Livraria Martins, 1940.
Sales, Gabriel Paes da Silva, Alexandro Solórzano, Rúbia Graciele Patzlaff, and Rogério Ribeiro de Oliveira. “Resultantes Ecológicas, Práticas Culturais e Provisão de Lenha Para a Fabricação de Carvão Nos Séculos XIX e XX No Rio de Janeiro.” Pesquisas Botânicas 65 (2014): 389–402. http://www.anchietano.unisinos.br/publicacoes/botanica/botanica65/BOTANICA 65.pdf.
Santos, Márcio. Estradas Reais: Introdução Ao Estudo Dos Caminhos Do Ouro e Do Diamante No Brasil. Belo Horizonte: Editora Estrada Real, 2001.
Sauer, Carl. “Introduccion a La Geografia Historica.” Memoria Presidencial Presentada Ante La Asociación de Geógrafos Americanos. Baton Rouge, 1940.
Silva, Maria Beatriz Leal da. “Langsdorff Em Inhomirim.” Pilares Da História 3, no. 5 (2005): 53–54. http://lurdinha.org/pilaresdahistoria/05_revista_pilares_da_historia.pdf.
Solorzano, Alexandro, Rogério Ribeiro de Oliveira, and Adi Estela Lazos-Ruiz. “Landscape Reading Methodology of Urban Forests: Interpreting Past and Current Socioecological Interactions in Rio de Janeiro.” Historia Ambiental Latinoamericana y Caribeña (HALAC): Revista de La Solcha 6, no. 1 (2016): 211–24. https://doi.org/10.5935/2237-2717.20160011.
Solórzano, Alexandro, Gabriel Paes da Silva Sales, and Rafael Da Silva Nunes. “O Legado Humano Na Paisagem Do Parque Nacional Da Tijuca: Uso, Ocupação e Introdução de Espécies Exóticas.” Fronteiras: Journal of Social, Technological and Environmental Science 7, no. 3 (2018): 43–57. https://doi.org/https://doi.org/10.21664/2238-8869.2018v7i3.p43-57.
Straforini, Rafael. “Estradas Reais No Século XVIII: A Importância de Um Complexo Sistema de Circulação Na Produção Territorial Brasileiro.” Scripta Nova. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales 10, no. 218 (33) (2006). http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-218-33.htm.
Vasconcelos, Diogo de. História Antiga Das Minas Gerais. 4th ed. Itatiaia: Belo Horizonte, 1974.
Worster, Donald. “Para Fazer História Ambiental” 4 (1991): 1–17. http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/2324/1463.

Downloads

Publicado

2021-04-16

Como Citar

Fernandez, V. L. E., Sales, G. P. da S., Machado, A. B., & Solórzano, A. (2021). Geografia Histórica do Caminho do Ouro na Serra da Estrela (RJ), Sudeste do Brasil: barreira, fronteira e permeabilidade. Historia Ambiental Latinoamericana Y Caribeña (HALAC) Revista De La Solcha, 11(1), 51–81. https://doi.org/10.32991/2237-2717.2021v11i1.p51-81

Edição

Seção

Dossier "Fronteras en Historia Ambiental"